domingo, agosto 14, 2005

 

Celulares e blogs, instrumentos da ‘mídia cidadã’

Participação popular em coberturas online é cada vez maior

Jo Twist (da BBC)
O Globo, 14 de agosto de 2005

NOVA YORK. As tsunamis da Ásia e os ataques terroristas em Londres representaram um marco na reportagem de eventos. A tradicional relação do profissional de imprensa selecionando assuntos para o consumo dos leitores já vinha sendo erodida desde o advento da internet. Mas os recentes eventos ressaltaram o valor da “mídia cidadã”, na medida em que as pessoas passaram a participar das coberturas por meio de imagens captadas por telefones celulares ou testemunhos divulgados em blogs.
A internet está dando uma voz às pessoas, uma chance de se auto-publicar, e também uma maneira de compartilhar o que viram de forma impensável há até bem pouco tempo.
— Está acontecendo uma grande transição da imprensa tradicional para as mídias emergentes — afirmou JD Lasica, da Ourmedia.org, um site onde qualquer um pode divulgar filmes, fotos, músicas e relatos. — Queremos que essas novas mídias prosperem. A tecnologia necessária é simples de usar e barata o suficiente para ser manuseada por qualquer um mediante um orçamento modesto.

Imprensa tradicional passa por evolução
Desde o lançamento do Ourmedia, em março, o site sem fins lucrativos reúne mais de 30 mil membros internacionais e abriga 22 mil diferentes inserções. Mais da metade é composta de vídeos.
— Atualmente, nosso vídeo mais visto é o de um músico cego que toca banjo no Tibete, filmado por um dos nossos usuários — contou Lasica. —Isso mostra que a criatividade e o entretenimento não precisam vir necessariamente de Hollywood ou da grande imprensa, revela que todos nós temos o talento inato para contar histórias e entreter uns aos outros.
O conteúdo do site é fiscalizado por 40 voluntários de dez países. Basicamente qualquer material pode ser divulgado, desde que não seja pornografia ou algo previamente protegido pelas leis do direito autoral.
— A internet evoluiu de um lugar de pesquisa para um espaço social — acredita Lasica.
— Deixou de ser um espaço apenas para viciados em computador. As vidas de todos estão cada dia mais online.
Mas sites como o Ourmedia não devem tirar espaço da mídia tradicional nem serem vistos como uma ameaça, na análise de Lasica. Em vez disso, sustenta, é uma chance de ver o que as pessoas fazem quando dispõem de suas próprias mídias e suas razões para isso.
— A imprensa tradicional precisa se transformar, evoluir e abrir novas portas para que deixem de nos dar palestras e passem a conversar conosco.

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