segunda-feira, novembro 21, 2005

 

A greve nas universidades

Por Elaine Tavares, jornalista da Universidade Federal de Santa Catarina

Diante da fala do ministro Palocci sobre a necessidade de se apertar ainda mais o ajuste nas contas do Estado - que na língua das gentes comuns significa menos verba para os serviços públicos - a greve nas universidades federais, que já dura mais de 90 dias, precisa sair do marasmo.
A equipe econômica já deu seu recado. Não vai abrir os cofres para melhorias nos salários dos professores e técnicos-administrativos. O Ministério da Educação se mostra refém da Fazenda e do Planejamento. O presidente Lula faz seu número de “não sei de nada”.Resta às entidades de trabalhadores endurecerem ou capitularem diante dos argumentos de que poderão ser as responsáveis pela parada no trilho do crescimento.
A religião professada pelo governo Lula é a mesma dos neoliberais. Caso seja necessário um sacrifício – e sempre é – que seja dos trabalhadores. Aos banqueiros internacionais exigir que posem de cordeiro parece coisa impossível.Mas, nesta queda de braço entre trabalhadores e governo existe um elemento que enfraquece e fragiliza ainda mais o lado dos sacrificados: a opção de importantes lideranças sindicais de fazer a defesa do governo. No caso dos professores, uma cisão na entidade nacional – Andes - provocou o nascimento oportunista de uma nova representação docente, o ProIfes, com quem o governo se afina.
Já entre os técnicos-administrativos, a disputa entre as correntes é interna, mas o equilíbrio entre o grupo mais próximo do governo e o outro mais radical tem segurado as ações mais contundentes.Nesse diapasão de rachaduras e fragilidades da classe trabalhadora, o governo se fortalece e apresenta propostas rebaixadas. Os parlamentares, sem força para mudar a lógica de aperto de cinto para os gastos com serviço público, tampouco conseguem fazer avançar as negociações.
Assim, a greve se arrasta e nada acontece.Como saída não há opções: ou o movimento dos trabalhadores supera a esquizofrenia das lideranças que se acreditam governo, ou viverá uma dura derrota. Os resultados são imprevisíveis, seja qual for o caminho escolhido.
Enquanto isso, a população, que deveria defender a universidade pública como um patrimônio da nação, sequer consegue saber o que se passa nos intestinos da disputa. Afinal, para os meios de comunicação, a greve segue invisível, embora mobilize diretamente quase duzentas mil pessoas em todo o país.

 

Discutindo jornalismo internacional

Prezados, estou participando de uma lista de discussão sobre jornalismo internacional da qual participam professores, investigadores e estudantes de comunicação, além de jornalistas. A lista busca suprir a falta de discussão dessa temática em nossos cursos de comunição/jornalismo.
Quem estiver interessado nessa temática e quiser participar da lista, me indique o nome completo e o email, que eu o apresento na lista.

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