quinta-feira, setembro 28, 2006
Denúncias na reta final da campanha quase comprometem reeleição de Lula
O artigo que reproduzo aqui foi escrito para uma revista equatoriana que circula a semana que vem, início de outubro, ou seja depois do primeiro turno das eleições brasileiras. Eu o escrevi, então, antes do primeiro turno, quando absolutamente não dá para saber com certeza se haverá ou não segundo turno. Levem isso em quando quando o leiam e o leitor a que foi destinado.
Elson
Eleições no Brasil
Denúncias na reta final da campanha quase comprometem reeleição de Lula
Elson Rezende de Mello
O processo eleitoral no Brasil, que começou morno e permaneceu assim grande parte do tempo, sofreu sobressalto a quinze dias das eleições de primeiro de outubro, no primeiro turno. A descoberta e prisão de pessoas ligadas ao PT, partido do governo, e à campanha de reeleição de Lula que tentavam comprar um dossiê com o propósito de incriminar o candidato ao governo de São Paulo, José Serra, do PSDB, e o candidato à presidência do mesmo partido Geraldo Alckmin irrompeu como um furacão no pleito.
Uma entrevista na revista semanal Istoé, com empresários investigados por corrupção na compra de ambulâncias, os mesmos que forneceriam os dados para a montagem do dossiê, acrescentaria mais lenha à fogueira. Mas no mesmo dia que a revista começou a circular as prisões foram efetuadas, o que deixou no ar a suspeita de que fora arranjada, tirando-lhe todo impacto.
Nas eleições, estavam em disputa cargos de deputados estaduais, federais, senadores, governadores e presidente da República. Eram oito candidatos à presidência, mas a disputa se polariza entre o presidente-candidato, Luiz Inácio Lula da Silva, com uma reeleição praticamente segura, e o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, do PSDB do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Outros dois candidatos tiveram algum destaque: a senadora pelo partido P-Sol, Partido do Socialismo e Liberdade, de esquerda, Heloísa Helena, que foi expulsa do PT logo no início do governo petista, e o senador Cristovam Buarque, ex-PT, agora PDT, de centro-esquerda, que foi o primeiro ministro de Educação de Lula. Nem é necessário nomear os outros, já que não representam nenhum setor significativo.
Escândalo de última hora
Marcadas pela crise que desde o ano passado explodiu no país no governo Lula e no Congresso Nacional, as eleições deste ano se assemelhavam à de 1998, quando pela primeira vez houve reeleição para a Presidência da República. O que vinha dando o tom eram as pesquisas de opinião que a cada certo tempo os institutos divulgavam, mesmo que mostrando a monotonia da disparada do presidente-candidato Lula, que, segundo todos os prognósticos e números, ganharia tranqüilamente no primeiro turno; só tinha que administrar sua campanha e evitar tropeços de última hora. A operação dossiê caiu do céu para uma oposição abúlica, com um candidato sem carisma, à frente de uma campanha sem criatividade, que não enfrentou realmente o seu opositor; enfim, não marcava diferença.
Como nunca, houve um divórcio entre os formadores de opinião, vocalizados pelos grandes meios de comunicação, e a base de sustentação do governo, que pouco se importou com as denúncias de corrupção desde maio do ano passado. Com essas denúncias, algumas comprovadas, a oposição esperava enfrentar nas urnas um Lula fraco e ferido, fácil de ser batido. No entanto, ele podia ganhar no primeiro turno, com uma votação maior ainda do que teve quatro anos atrás. A oposição vacilou em pedir o impedimento do presidente no ano passado, mas também não havia condições políticas para tanto, em razão da popularidade do presidente.
O escândalo de última hora com a tentativa de dossiê também não afetou a popularidade do candidato-presidente.
Nesse novo escândalo, os presos, que além do mais portavam cerca de um milhão e setecentos mil reais (cuja origem a oposição cobrava que a Polícia Federal desvendasse ainda antes das eleições), tentavam comprar documentos de um empresário indiciado com a corrupção de venda de ambulâncias para governos estaduais e municipais, o que é motivo de investigação na Polícia Federal e no Congresso Nacional, no que se convencionou chamar de Operação Sanguessugas. O objetivo era comprometer José Serra, que fora ministro da Saúde do governo FHC, e o principal contendor de Lula há quatros anos, consolidado nas intenções de votos na campanha para o governo do estado de São Paulo. Serra deveria ganhar no primeiro turno. O escândalo da vinculação favoreceria o candidato petista, segundo colocado e de raspão atingiria o candidato à presidência do mesmo partido Alckmin, que em absoluto ameaçava Lula até então. A operação dos petistas, desbaratada pela polícia, foi um tiro no pé.
Como aconteceu também nos outros casos de denúncias que envolviam agentes do governo e achegados, Lula alegou não saber de nada. Mas quando as investigações ameaçam chegar perto dele e comprometer seu projeto de poder — no momento, de reeleição —, ele não vacila em afastar os denunciados de seus cargos e de sua proximidade, e assim amigos de anos passam a ser meros conhecidos.
Entretanto, desta vez, Lula, ao mesmo tempo que se faz de vítima e mártir, constrói um certo messianismo, quando disse em comício que não caía quanto mais a oposição o atacava, dizendo que “Lula não é Lula”, ele é parte do povo. “Quando tirarem minhas pernas, andarei com as pernas do povo. Se eles tirarem meus braços, gesticularei com os braços do povo. Se tirarem meu coração, amarei com o coração do povo. Se tirarem minha cabeça, pensarei com a cabeça de vocês. Porque não adianta esquartejar e salgar a carne como fizeram com Tiradentes. A carne você mata. Mas as idéias sobrevivem”, disse ele.
O discurso messiânico do candidato-presidente tem destino certo para sua base de sustentação nas camadas mais pobres da população, que sentiram alguma melhoria em suas vidas, com o assistencialismo compensatório e eleitoreiro que tem caracterizado o governo Lula. Seu programa Bolsa-Família atendeu a mais de 11 milhões de famílias, principalmente nos estados do Nordeste brasileiro, de onde Lula é originário.
Turbulências
O escândalo com a compra abortada do dossiê e a lambança de gente do PT e achegados ao governo era tudo que a oposição queria para tentar forçar um segundo turno. O dossiê era forjado, com quase nenhuma consistência, era só um oportunismo eleitoral, descoberto a tempo. Mesmo assim, a campanha, que se desenvolvia burocrática, morna, sem debater nada de importante para o país — transformada em embate entre marqueteiros —, ganhou outro impulso. O eleitorado como que acordou.
Uma de tantas explicações para a lambança da tentativa de fabricar um dossiê contra o candidato ao governo de São Paulo se deve à existência de facções que disputam o poder ao interior do PT. Petistas paulistas da mesma facção que majoritariamente dominam o partido estiveram presentes em todos os escândalos de corrupção do governo Lula. Com a perda do governo de São Paulo estariam perdendo espaço dentro do partido e do próximo governo Lula, que além do mais tem ensaiado uma aproximação com os futuros governadores de Minas (reeleição) e de São Paulo, do partido de oposição PSDB, que devem ganhar no primeiro turno. Tudo em nome da governabilidade de seu segundo governo.
Contudo, um segundo governo Lula começará fraco politicamente, embora consagrado nas urnas, com instabilidade desde o primeiro dia. Lula enfrentará uma oposição de direita ferrenha, que tentará apeá-lo do poder até antes de tomar posse para esse segundo período.
O país vive momentos de certo caos político e de um desmoronamento ético muito grande. Vozes respeitáveis têm ecoado pela imprensa sua preocupação com os rumos que as coisas vêm tomando no país. Um segundo mandato de Lula será turbulento. E junte-se a tudo isso que, sem uma base parlamentar sólida, terá que barganhar com o Congresso Nacional e com partidos que só visam seus interesses fisiológicos.
Se ganhasse também seu grande opositor, Geraldo Alckmin, as coisas não seriam muito diferentes, tanto é assim que em sua campanha ele não mostrou praticamente nenhuma diferença com relação ao governo Lula, cuja política econômica nem pôde ser criticada já que é a continuação da deixada pelo PSDB. Foi uma campanha em que não houve discussão de projetos, de nenhuma idéia que pudesse mostrar diferença e empolgar o eleitorado. Mesmo partidos mais à esquerda, caso do P-Sol da senadora Heloísa Helena, não exibiram propostas diferentes, no pouco tempo de exposição na mídia que lhes tocava.
Se houvesse uma reviravolta com a realização de um segundo turno em que ganhe o opositor Geraldo Alckmin, seria difícil imaginar um Lula e PT na oposição, agora que já mostraram sua prática de poder e seu afastamento da ética e outros princípios, que sempre esgrimiram antes de 2002.
A discussão que transcende dossiês e eleições está na rua, com a preocupação de que, ganhe quem ganhe, o próximo período será de enormes dificuldades no campo político-institucional. Definitivamente, o Brasil entra em nova fase de turbulência política e moral, cuja saída não se vislumbra no imediato.Sinal dos tempos é a segura eleição ao Senado de Fernando Collor de Mello, o presidente que renunciou em 1992 para fugir ao impedimento constitucional, fato que se deveu principalmente à atuação do PT, com Lula à cabeça. Agora, Collor se diz eleitor de Lula.
Elson
Eleições no Brasil
Denúncias na reta final da campanha quase comprometem reeleição de Lula
Elson Rezende de Mello
O processo eleitoral no Brasil, que começou morno e permaneceu assim grande parte do tempo, sofreu sobressalto a quinze dias das eleições de primeiro de outubro, no primeiro turno. A descoberta e prisão de pessoas ligadas ao PT, partido do governo, e à campanha de reeleição de Lula que tentavam comprar um dossiê com o propósito de incriminar o candidato ao governo de São Paulo, José Serra, do PSDB, e o candidato à presidência do mesmo partido Geraldo Alckmin irrompeu como um furacão no pleito.
Uma entrevista na revista semanal Istoé, com empresários investigados por corrupção na compra de ambulâncias, os mesmos que forneceriam os dados para a montagem do dossiê, acrescentaria mais lenha à fogueira. Mas no mesmo dia que a revista começou a circular as prisões foram efetuadas, o que deixou no ar a suspeita de que fora arranjada, tirando-lhe todo impacto.
Nas eleições, estavam em disputa cargos de deputados estaduais, federais, senadores, governadores e presidente da República. Eram oito candidatos à presidência, mas a disputa se polariza entre o presidente-candidato, Luiz Inácio Lula da Silva, com uma reeleição praticamente segura, e o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, do PSDB do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Outros dois candidatos tiveram algum destaque: a senadora pelo partido P-Sol, Partido do Socialismo e Liberdade, de esquerda, Heloísa Helena, que foi expulsa do PT logo no início do governo petista, e o senador Cristovam Buarque, ex-PT, agora PDT, de centro-esquerda, que foi o primeiro ministro de Educação de Lula. Nem é necessário nomear os outros, já que não representam nenhum setor significativo.
Escândalo de última hora
Marcadas pela crise que desde o ano passado explodiu no país no governo Lula e no Congresso Nacional, as eleições deste ano se assemelhavam à de 1998, quando pela primeira vez houve reeleição para a Presidência da República. O que vinha dando o tom eram as pesquisas de opinião que a cada certo tempo os institutos divulgavam, mesmo que mostrando a monotonia da disparada do presidente-candidato Lula, que, segundo todos os prognósticos e números, ganharia tranqüilamente no primeiro turno; só tinha que administrar sua campanha e evitar tropeços de última hora. A operação dossiê caiu do céu para uma oposição abúlica, com um candidato sem carisma, à frente de uma campanha sem criatividade, que não enfrentou realmente o seu opositor; enfim, não marcava diferença.
Como nunca, houve um divórcio entre os formadores de opinião, vocalizados pelos grandes meios de comunicação, e a base de sustentação do governo, que pouco se importou com as denúncias de corrupção desde maio do ano passado. Com essas denúncias, algumas comprovadas, a oposição esperava enfrentar nas urnas um Lula fraco e ferido, fácil de ser batido. No entanto, ele podia ganhar no primeiro turno, com uma votação maior ainda do que teve quatro anos atrás. A oposição vacilou em pedir o impedimento do presidente no ano passado, mas também não havia condições políticas para tanto, em razão da popularidade do presidente.
O escândalo de última hora com a tentativa de dossiê também não afetou a popularidade do candidato-presidente.
Nesse novo escândalo, os presos, que além do mais portavam cerca de um milhão e setecentos mil reais (cuja origem a oposição cobrava que a Polícia Federal desvendasse ainda antes das eleições), tentavam comprar documentos de um empresário indiciado com a corrupção de venda de ambulâncias para governos estaduais e municipais, o que é motivo de investigação na Polícia Federal e no Congresso Nacional, no que se convencionou chamar de Operação Sanguessugas. O objetivo era comprometer José Serra, que fora ministro da Saúde do governo FHC, e o principal contendor de Lula há quatros anos, consolidado nas intenções de votos na campanha para o governo do estado de São Paulo. Serra deveria ganhar no primeiro turno. O escândalo da vinculação favoreceria o candidato petista, segundo colocado e de raspão atingiria o candidato à presidência do mesmo partido Alckmin, que em absoluto ameaçava Lula até então. A operação dos petistas, desbaratada pela polícia, foi um tiro no pé.
Como aconteceu também nos outros casos de denúncias que envolviam agentes do governo e achegados, Lula alegou não saber de nada. Mas quando as investigações ameaçam chegar perto dele e comprometer seu projeto de poder — no momento, de reeleição —, ele não vacila em afastar os denunciados de seus cargos e de sua proximidade, e assim amigos de anos passam a ser meros conhecidos.
Entretanto, desta vez, Lula, ao mesmo tempo que se faz de vítima e mártir, constrói um certo messianismo, quando disse em comício que não caía quanto mais a oposição o atacava, dizendo que “Lula não é Lula”, ele é parte do povo. “Quando tirarem minhas pernas, andarei com as pernas do povo. Se eles tirarem meus braços, gesticularei com os braços do povo. Se tirarem meu coração, amarei com o coração do povo. Se tirarem minha cabeça, pensarei com a cabeça de vocês. Porque não adianta esquartejar e salgar a carne como fizeram com Tiradentes. A carne você mata. Mas as idéias sobrevivem”, disse ele.
O discurso messiânico do candidato-presidente tem destino certo para sua base de sustentação nas camadas mais pobres da população, que sentiram alguma melhoria em suas vidas, com o assistencialismo compensatório e eleitoreiro que tem caracterizado o governo Lula. Seu programa Bolsa-Família atendeu a mais de 11 milhões de famílias, principalmente nos estados do Nordeste brasileiro, de onde Lula é originário.
Turbulências
O escândalo com a compra abortada do dossiê e a lambança de gente do PT e achegados ao governo era tudo que a oposição queria para tentar forçar um segundo turno. O dossiê era forjado, com quase nenhuma consistência, era só um oportunismo eleitoral, descoberto a tempo. Mesmo assim, a campanha, que se desenvolvia burocrática, morna, sem debater nada de importante para o país — transformada em embate entre marqueteiros —, ganhou outro impulso. O eleitorado como que acordou.
Uma de tantas explicações para a lambança da tentativa de fabricar um dossiê contra o candidato ao governo de São Paulo se deve à existência de facções que disputam o poder ao interior do PT. Petistas paulistas da mesma facção que majoritariamente dominam o partido estiveram presentes em todos os escândalos de corrupção do governo Lula. Com a perda do governo de São Paulo estariam perdendo espaço dentro do partido e do próximo governo Lula, que além do mais tem ensaiado uma aproximação com os futuros governadores de Minas (reeleição) e de São Paulo, do partido de oposição PSDB, que devem ganhar no primeiro turno. Tudo em nome da governabilidade de seu segundo governo.
Contudo, um segundo governo Lula começará fraco politicamente, embora consagrado nas urnas, com instabilidade desde o primeiro dia. Lula enfrentará uma oposição de direita ferrenha, que tentará apeá-lo do poder até antes de tomar posse para esse segundo período.
O país vive momentos de certo caos político e de um desmoronamento ético muito grande. Vozes respeitáveis têm ecoado pela imprensa sua preocupação com os rumos que as coisas vêm tomando no país. Um segundo mandato de Lula será turbulento. E junte-se a tudo isso que, sem uma base parlamentar sólida, terá que barganhar com o Congresso Nacional e com partidos que só visam seus interesses fisiológicos.
Se ganhasse também seu grande opositor, Geraldo Alckmin, as coisas não seriam muito diferentes, tanto é assim que em sua campanha ele não mostrou praticamente nenhuma diferença com relação ao governo Lula, cuja política econômica nem pôde ser criticada já que é a continuação da deixada pelo PSDB. Foi uma campanha em que não houve discussão de projetos, de nenhuma idéia que pudesse mostrar diferença e empolgar o eleitorado. Mesmo partidos mais à esquerda, caso do P-Sol da senadora Heloísa Helena, não exibiram propostas diferentes, no pouco tempo de exposição na mídia que lhes tocava.
Se houvesse uma reviravolta com a realização de um segundo turno em que ganhe o opositor Geraldo Alckmin, seria difícil imaginar um Lula e PT na oposição, agora que já mostraram sua prática de poder e seu afastamento da ética e outros princípios, que sempre esgrimiram antes de 2002.
A discussão que transcende dossiês e eleições está na rua, com a preocupação de que, ganhe quem ganhe, o próximo período será de enormes dificuldades no campo político-institucional. Definitivamente, o Brasil entra em nova fase de turbulência política e moral, cuja saída não se vislumbra no imediato.Sinal dos tempos é a segura eleição ao Senado de Fernando Collor de Mello, o presidente que renunciou em 1992 para fugir ao impedimento constitucional, fato que se deveu principalmente à atuação do PT, com Lula à cabeça. Agora, Collor se diz eleitor de Lula.
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