quarta-feira, agosto 10, 2005

 

Depois dos blogueiros, os vlogueiros

Sarah Boxer
Do New York Times
Publicado no caderno Informática ETC, O Globo, 1 de agosto de 2005

Primeiro vieram os blogs, depois os fotologs. E agora é a vez do videoblog. Os videobloggers, também conhecidos como vlogueiros, postam regularmente vídeos na internet, criando shows primários para quem quiser assistir. Alguns vlogs são shows de culinária, outros são minidocumentários, outros ainda noticiários de mentira, e há os que quase chegam a ser filmes de arte.
A maioria apenas registra o cotidiano. O Das Vlog recentemente demonstrou as virtudes de urinar na pia do banheiro. O Village Girl postou um vídeo de sua filha de dois anos dançando com um amigo. Josh Leo gravou a si mesmo mexendo nas fotos de quando era bebé e em seus velhos projetos de arte. A Fat Girl de Ohio é um homem blogando sobre a gravidez de sua mulher. Como disse o vlog Reality Sandwich num video de uma mercearia: “ei, ser mundano é a nova atitude punk”.

Muitos vlogueiros aparentemente se conhecem
O mundo dos videoblogs ainda é pequeno o bastante para que todos os vlogueiros pareçam se conhecer e mesmo aparecer nos trabalhos dos colegas. Por exemplo, dois vlogueiros, Amanda Congdon e Richard Hall, se encontraram recentemente e seu encontro foi noticiado em pelo menos três sites diferentes.
Mesmo assim, os vlogs começam a se parecer um bocado com a televisão, pelo menos em doses homeopáticas. Alguns até partilham das preocupações da televisão, a maior delas a responsabilidade de ter sempre uma programação fresquinha, saindo do forno.
Por exemplo, o Rocketboom, um vlog engraçado e ambicioso feito pela srta. Congdon, parece o Weekend Update (o noticiário jocoso do “Saturday Night Live”). No vídeo, Congdon tem um olhar torto e usa óculos de nerd. Ela se senta a uma mesa em frente a um mapa, lendo notícias numa folha de papel. Ela as joga longe depois de ler. E tem repórteres de campo (que fazem coisas como dizer o final do mais recente livro de Harry Potter). Congdon recentemente pediu a seus espectadores que lhe mandem idéias para reportagnes.
Em outro vlog, o Carol & Steve Show, um casal mostra o tédio de seu dia-a-dia — fazer compras, malhar, discutir sobre “American Idol”. O vlog roubou seu formato e sua música-tema do mundo dos seriados de TV. O programa quer se vender, mas... quem compraria? Talvez uma claque de risadas ajudasse.
Um dos vlogs mais bem-sucedidos é o 05 Project, criado por um jovem de 18 anos em Keynes, Inglaterra. Seu nome é Ian Mills e ele prometeu postar um vídeo por dia o ano inteiro. Mills começa quase todos os seus vídeos chegando perto da câmera e se dirigindo ao espectador com uma doce formalidade: “Ok, então hoje...”
Em janeiro, ele mostrou o interior de seu armário para provar que não tem apenas uma muda de roupa, mas duas. Em fevereiro, filmou um canguru empalhado pedindo orientações a um urso de pelúcia sentado na frente de um forno microondas. Em março veio o vídeo de um incêndio, com este bilhete: “Puxa, estou tão feliz por ter ido à casa de meus avós hoje. Se não fosse, não teria visto isso”.
Aparentemente, os vlogueiros não conseguem chegar a um acordo sobre o que são, de fato, os vlogs. Alguns preferem manter as coisas assim. “Por que a pressa para definir isso agora?”, pergunta Michael Verdi, que escreveu o vlog Anarchy, um manifesto. “Seria como tentar escolher uma profissão e uma companheira para um recém-nascido”, compara Verdi.
Entretanto, o recém-nascido parece já ter escolhido sua companheira. Parabéns — é a televisão.

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